Não basta saber,
é preciso também aplicar,
não basta querer,
é preciso também agir.

Goethe

terça-feira, 16 de março de 2010

Editorial

ditorial

Qualidade no ensino

A prática educacional - Formação Continuada de Professores da Língua Portuguesa - consolida-se como uma proposta de inestimável valor para a eficácia de um ensino de qualidade, sobretudo quando essa rede de formação se objetiva ao congraçamento de profissionais da Disciplina, tendo como diretriz essencial o estudo, a pesquisa e a troca de conhecimento entre seus pares. Essa dinâmica de formação, em conjunto, se efetivará, sem dúvida, na valorização dos profissionais, no aprimoramento de suas competências e habilidades, na oportunização de ações e estratégias eficientes e qualitativas.

São propostas inovadoras assim que irão corrigir determinados vícios pedagógicos, tais como a falta de formação didática, as resistências à exata compreensão da disciplina pela qual é responsável, a carência no domínio do conteúdo disciplinar, as falhas na regência de classe, as incompreensões sobre o problema dos adolescentes com os quais convivem em sala de aula. Esses vícios, por sua vez, são consequências de uma atuação do docente improvisado.

Os momentos presenciais, portanto, devem ser de fundamental interesse por parte dos professores. Através desses momentos se realizarão, por exemplo, a exploração de unidades temáticas prioritárias ao aprimoramento do ensino da leitura e da escrita, a troca de experiências entre os docentes, as discussões das dúvidas, a orientação nas dificuldades de estudo. Além disso, a 19º Coordenadoria Regional de Desenvolvimento da Educação - 19º CREDE - abre este espaço de comunicação para o entrosamento dos profissionais de Língua Portuguesa, participantes da Formação Continuada.

A linguagem influenncia o nosso modo de percepção da realidade.


2 comentários:

  1. Passa uma carreta.No pára-brisa, em letras grandes: Maria Antônia Carolina. O nome era outro. Fica este para evitar problemas.
    Uma esposa extremamente amada e amante; a primeira filha, recém-nascida; uma irmã que partiu prematuramente? O que dizia aquele nome ali? Quem precisa dele? Imagens, perfis femininos são necessários.
    Cadê o motivo, o por quê, a razão da crônica?
    Achei: M ária A ntônia C arolina: MAC.
    E a imaginação me traz Mac´donalds. Eu, que não admiro americano. Tudo isso em poucos segundos: Maria Antônia Carolina igual a MAC. E estava decidido(ainda na mente, em trânsito, na moto): Mac`donalds.
    Depois do almoço, já no computador,as opções - MAC: Minha Amada Carolina; Maranhão Atlético Clube, Memórias de Antônio Carlos,etc.
    Obedeçamos à imaginação. Ela sabe o que faz.
    . . .
    Dos 135 quilos ficou com 65: nunca mais comeu sanduíches Mac`Donalds.
    . . .
    Pronto.
    Terminou?
    Sim.

    Não é exatamente uma crônica. E o título pertence a você.
    Antônio Valdízio de Almeida

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  2. O primeiro beijo

    Os dois mais murmuravam que conversavam: havia pouco iniciara-se o namoro e ambos andavam tontos, era o amor: Amor com o que vem junto: ciúme.

    - Está bem, acredito que sou a sua primeira namorada, fico feliz com isso. Mas me diga a verdade, só a verdade: você nunca beijou uma mulher antes de me beijar?

    - Ele foi simples:

    - Sim, já beijei antes uma mulher:

    - Quem era ela? perguntou com dor:

    Ele tentou contar toscamente, não sabia como dizer:

    O ônibus da excursão subia lentamente a serra. Ele, um dos garotos no meio da garotada em algazarra, deixava a brisa fresca bater-lhe no rosto e entrar-lhe pelos cabelos com dedos longos, finos e sem peso como os de uma mãe. Ficar às vezes quieto, sem quase pensar, e apenas sentir- era tão bom. A concentração no sentir era difícil no meio da balbúrdia dos companheiros.

    E mesmo a sede começara: brincar com a turma, falar bem alto, mais alto que o barulho do motor; rir, gritar; pensar, sentir, puxa vida! como deixava a garganta seca.

    E nem sombra de água. O jeito .era juntar saliva, e foi o que fez. Depois de reunida na boca ardente engolia- a lentamente, outra vez e mais outra. Era morna, porém, a saliva, e não tirava a sede. Uma sede. enorme maior do que ele próprio, que lhe tomava agora o corpo todo.
    A brisa fina, antes tão boa, agora ao sol do meio-dia tornara-se quente e árida e ao penetrar pelo nariz secava ainda mais a pouca saliva que pacientemente juntava.

    E se fechasse as narinas e respirasse um pouco menos daquele vento de deserto? Tentou pôr instantes mas logo sufocava. O jeito era mesmo esperar, espera!: Talvez minutos apenas, enquanto sua sede era de anos.

    Não sabia como e por que mas agora se sentia mais perto da água, pressentia-a mais próxima, e seus olhos saltavam para fora da janela procurando a estrada, penetrando entre os arbustos, espreitando, farejando.

    O instinto animal dentro dele não errara: na Cla inesperada da estrada, entre arbustos estava... o chafariz de onde brotava num filete a água sonhada.

    O ônibus parou, todos estavam com sede mas ele conseguiu ser o primeiro a chegar ao chafariz de pedra, antes de todos.

    De olhos fechados entreabriu os lábios e colou-os ferozmente ao orifício de onde jorrava a água. O primeiro gole fresco desceu, escorrendo pelo peito até a barriga.

    Era a vida voltando, e com esta encharcou todo o seu interior arenoso até se sacia!: Agora podia abrir os olhos.

    Abriu-os e viu bem junto de sua cara dois olhos de estátua fitando-o e viu que era a estátua de uma mulher e que era da boca da mulher que saía a água. Lembrou-se de que realmente ao primeiro gole sentira nos lábios um contato gélido, mais frio do que a água.

    E soube então que havia colado sua boca na boca da estátua da mulher de pedra. A vida havia jorrado dessa boca, de uma boca para outra.
    Intuitivamente, confuso na sua inocência, sentia intrigado: mas não é de uma mulher que sai o líquido vivificado!; o líquido germinador da vida... Olhou a estátua nua.

    Ele a havia beijado.

    Sofreu um tremor que não se via por fora e que se iniciou bem dentro dele e tomou-lhe o corpo todo estourando pelo rosto em brasa viva.
    Deu um passo para trás ou para frente, nem sabia mais o que fazia. Perturbado, atônito, percebeu que uma parte de seu corpo, sempre antes relaxada, estava agora com uma tensão agressiva, e isso nunca lhe tinha acontecido.

    Estava de pé, docemente agressivo, sozinho no meio dos outros, de coração batendo fundo, espaçado, sentindo o mundo se transformar: A vida era inteiramente nova, era outra, descoberta com sobressalto. Perplexo, num equilíbrio frágil.

    Até que, vinda da profundeza de seu se!; jorrou de uma fonte oculta nele a verdade. Que logo o encheu de susto e logo também de um orgulho antes jamais sentido: ele...

    Ele se tornara homem.

    (Clarice Lispedor - in Felicidade Clandestina)

    Postado por: Maria Edylania do Nascimento Gomes

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